Era uma vez...

uma rapariga que tinha um diário com uma borboleta cinzenta na capa.

Ela escrevia todos os dias, religiosamente, por mais desinteressantes que fossem as aventuras que havia vivido.

Depois de crescer, essa mesma rapariga lembrou-se de algo que tinha escrito há muitos anos atrás, naquele mesmo diário com uma borboleta cinzenta na capa. Abriu todas as gavetas, remexeu todas as roupas e acabou por encontrar aquele livro onde estavam todas as suas memórias, com amizades que já havia perdido há muito, com receitas que queria saber fazer quando fosse grande como a mãe, com as notas do 5º e do 6º ano... E, no meio de todas aquelas páginas cor-de-rosa, encontrou a que procurava.

O título era "O rapaz ideal"

Querido diário, hoje quero escrever qualquer coisa diferente. Decidi fazer uma lista com as características do meu príncipe encantado, daqueles que têm um cavalo branco.

- tem de ser mais alto do que eu;

- tem de sorrir muito;

- tem de me fazer sorrir ainda mais;

- não importa a cor dos olhos ou do cabelo, mas tem de ser bonito;

- tem de ser inteligente;

- tem de saber cantar e tocar piano (ou outro instrumento qualquer);

- tem de ser romântico;

- e tem de gostar de mim, quanto mais melhor.

Só se ele for assim é que me vou apaixonar e viver feliz para sempre.

Se há umas semanas atrás fosse ler aquele texto, não me faria qualquer sentido. Nada mais seria do que sonhos de criança, ingénuos como todos os sonhos de criança devem ser.

Mas não o li há semanas atrás, li-o hoje... Foi hoje que peguei naquele diário com uma borboleta cinzenta na capa e li a lista com as características do rapaz ideal.

Sei que já te* encontrei, o problema é que não te posso ter...

* fiquem descansados(as) porque não é o Paulo. Trata-se de um assunto para outro post...