17 de agosto de 2010

Goodbye my almost lover.

Era tarde. Mais uma vez, a noite foi o nosso palco de eleição. Tu enviaste uma mensagem para o meu telemóvel – que reli imensas vezes, até lhes perder a conta. Dizias ter saudades de quando tudo era fácil e simples. Respondi-te que nunca foi simples, muito menos fácil. Nunca o foi mas havia a vontade, aquela que era nossa. E era essa vontade que te fazia andar quilómetros todas as noites. E era também ela que me fazia fugir para ir ter contigo. Agora a vontade desapareceu – foi embora de mãos dadas com o nós, que também anda ausente.
Recebeste a minha mensagem e – sei que - ficaste sem resposta. Ficaste sem saber o que me escrever, por isso é que me ligaste. Eu posso já não saber de ti há algum tempo, mas não me esqueço do que aprendi ao longo daqueles meses, do que vivemos juntos.
Querias ver-me. Para dizer a verdade, o desejo era mútuo. Cedi ao teu pedido e disse para estares aqui perto da uma.
Quando abri a porta de casa para ir ter contigo, perdi a força nas pernas e a respiração acelerou. Sabia que não era correcto ver-te mais uma vez, senti o risco da recaída rir-se nas minhas costas e chamar-me ingénua. Fechei os olhos, respirei fundo e saí pensando se estiver errada, logo o saberei.
Ao sair das escadas, vi-te logo. Tinha-me esquecido de avisar-te para ires por outro lado por causa dos meus vizinhos, que cá estão a passar férias, mas agora já não havia nada a fazer – tínhamos era que sair dali o quanto antes.

Abri a porta do carro, aquela que sempre me esteve reservada, entrei e disse-te olá. Quiseste beijar-me mas afastei a cara, o que te fez ver que não era só mais uma noite. Fomos até ao nosso sítio, aquele que sempre foi o nosso esconderijo, aquele em que vimos chuva a cair e onde contamos estrelas com o olhar. O caminho foi feito em silêncio. Mas a ausência das nossas vozes fazia-me agora sentir desconfortável, era um silêncio pesado. Percebi que já não havia lugar para aqueles silêncios que dizem tudo…
Assim que chegámos, desligaste o carro mas decidiste colocar música, a nossa música. Meu sacana, sabes mesmo como derrubar-me!, pensei. No fundo, não querias falar, ou melhor, não sabias o que dizer – não te esqueças que aprendi a conhecer-te.
Quando se ouvia o Jason cantar ‘you belong to me’, decidiste quebrar o silêncio. Perguntaste como estava, mostraste-te curioso em relação ao meu futuro. Ensaiei contigo a conversa do costume, aquela que já sabias de cor – não fosses tu um dos meus pilares na difícil fase de escolha.
Perguntaste-me se estava com medo dos resultados e eu respondi-te que não, soltando uma gargalhada nervosa. Foi aí que disseste:
- podes tentar negar… já sei que quando o teu olhar esconde o brilho é porque algo te atormenta. E sei porque é que estás assim. Tens medo de entrar na 1ª opção. E receias porque não sabes o que vais encontrar naquela cidade desconhecida, nem sabes o que o curso por que tanto anseias te vai reservar e, acima de tudo, porque tens medo de perder o que já conquistaste até agora, incluindo as amizades. Estás com medo de seguir os teus sonhos, não é?
- Posso fazer-te uma pergunta?
- claro Joaninha.
- Se me conheces tão bem – arrisco, como nunca ninguém me conheceu – porque me magoas uma e outra vez com as tuas indecisões?
Ficaste calado, a olhar para mim. Eu não repeti a pergunta porque senti que, nem tu, sabias a resposta para ela.
Pedi-te que fossemos embora porque já tínhamos falado tudo o que havia para falar. Recusaste o meu pedido e, depois de uma breve pausa, começaste a falar.
- Queres mesmo saber porque estou sempre tão indeciso em relação a ti?
Limitei-me a acenar-te afirmativamente com a cabeça, apenas para confirmar algo que não precisava de confirmação.
- … Eu ando neste jogo do gato e do rato porque não sei o que sinto por ti. – Tentei interromper-te para dizer que já tiveste tempo mais do que suficiente para sabê-lo mas pousaste a mão no meu joelho, como que a pedires-me para te deixar acabar. – não, não é isso. Eu sei o que sinto por ti… Tenho é medo desse sentimento. – Apertaste-me um pouco o joelho e percebi que ainda não tinhas chegado ao fim – Eu sempre fui de casos breves, sempre recusei essa ideia dos ‘para-sempre’ e assim. Mas contigo tinha vontade de mais. Queria algo sério sabes? Queria vir ter contigo quando nos apetecesse e não só quando os teus pais adormecessem. … Mas eu sempre soube que não ia dar Joana. E tu sabes também que é verdade, que não dava.
- Eu não sei isso… Sei que não ia ser fácil mas diz-me, alguma vez o foi?
- Não… Mas é tão diferente. E eu não quero ser o mau da fita, quero só que entendas que…

A partir deste momento, deixei de tomar atenção ao que dizias. Estavas em modo repeat e eu não gosto de ver-te assim.
Terminaste o teu discurso, eu concordei contigo. Apesar de não o ter ouvido agora, sei-o bem, desde que te conheci. Sei que sempre foi difícil, sei que iria sofrer um bocadinho, que poucos iriam entender… Mas eu não queria saber dos outros! Tinha-te a ti, para me apoiares, para me protegeres, para me dares a mão… E, se assim fosse, enfrentava as tempestades que fossem precisas.
Falámos mais um pouco. (…)
Eu disse-te que estava a ficar muito tarde e que tinha mesmo de ir embora. Tu beijaste-me… E eu, depois de tanto, não tive forma de o recusar. Queria aquele beijo tanto como tu…
(…)
Chegámos perto de minha casa, desligaste o carro e pediste-me para te ir dando notícias, para continuarmos a falar, mais que não fosse, como amigos. Eu concordei. Foste – e és – demasiado importante para te conseguir tirar da minha vida, de uma noite para a outra.
Eu abri a porta, pronta a dizer-te adeus mas tu seguraste-me pelo braço, chegaste perto e deste-me um beijo na testa – cuida de ti docinho
Saí e pronunciei um fica bem já tremido devido à vontade imensa de chorar, fechei a porta e fui embora. Não olhei para trás


Sei que foste embora passado uns minutos pois ouvi o barulho do carro. Quando partiste, já eu chorava as dores do meu amor perdido…
E agora, aqui estou, ainda de lágrimas nos olhos já inchados, a dizer que serás tu, sempre tu!

 
escrito ao som de A Fine Frenzie, Almost Lover

4 comentários:

  1. ola linda... ate eu fiquei de lagrimas nos olhos... sei e nao sei o que tu sentes... nao vivenciei assim tao intensamente um amor, estou agora a viver um mas um pouco diferente, mas sei o que é alguem destroçar-nos o coraçao por medo de seguir o que sente por medo de ser verdadeiro, isso sei, e sei o quanto doi pensarmos nessa pessoa e ja nao sentir o cheiro e a voz como antes... e o que doi mais é sentirmos que o amor é mutumo mas da outra parte ha sempre a insegurança do arriscar mais um pouco por nos...


    espero que fiques bem se precisares de algo diz estou aqui pro que precisares.

    beijinho grande e mta força melhres dias virao linda e vais ver que esse coraçao vai ser de novo presenteado com alegria e mt amor

    boa semana

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  2. Eu fiquei arrepiada com a vossa história, mesmo. O medo é algo muito difícil de combater, é como as lágrimas, quando damos por isso, já nos escorrem pelo rosto. Espero que isso se resolva :)

    ps: e, se entrares na tua 1ªopção, já sabes =) beijinho

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  3. Olá..... Pus-me a chorar quando li este post. Não me perguntes porquê, porque a resposta deve ter a ver com as semelhanças, mesmo que pequenas, com o que eu passei/passo. O medo também me atormenta....


    Fiquei super contente com o que escreveste por outro lado, ao que parece estás mais forte, mesmo que o negues. Quem me dera fugir deste medo que tenho....

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Desde já Obrigada :)

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