20 de abril de 2012

sei lá

tem vontade de escrever, não sabe o porquê nem como o fazer, mas vai debitando palavras que lhe parecem estranhas. hoje tudo lhe parece estranho...
a maior estranheza foi olhar-se ao espelho, enquanto penteava o cabelo, e achar que estava no corpo errado, num tempo que não era o certo. hoje tudo tem um sabor diferente e, pela primeira vez, sente sabor à água.
não sabe ao certo o que lhe aconteceu, não sabe o que é feito da alegria que lhe caracterizava os dias... sabe apenas que não a encontra mais e não sabe já onde a procurar.
gastou os sorrisos e as palavras soam-lhe estranho. talvez o amor a estranhe também, já que sorri para todos menos para si. talvez tenha nascido muito tarde, talvez não seja feita para amar... mas, se não é feita para isso, porque sofre como se fosse?
tem, dentro de si, questões que não ousa pensar, palavras que cala e sentimentos a que decide não dar ouvidos... talvez porque, se o fizer, lhe pareçam ainda mais dolorosos.
hoje não sabe dizer o que se passa consigo. não sabe de que cor são mais os seus dias, sempre com céus tão cinzentos e chuva que teima em não lavar-lhe a alma. se é que a tem...
sente-se mais uma no meio de tantos e não sabe já como olhar para si.
viu-se hoje, enquanto se penteava, e não se reconheceu. tudo porque se olhou de soslaio, pelo canto do olho, e por ele, vemos as coisas como são na realidade.
hoje é só uma pessoa triste, mais uma de tantas pessoas tristes, que se esqueceu da alegria no calor dos lençóis ao acordar.
não sabe quem é, mas prende o cabelo numa trança mal feita e dá cor às maças do rosto com o blush que agarrou primeiro. talvez fosse mais feliz se admitisse ser de carne e osso... ao que parece, também ao ferro o devora a ferrugem.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Desde já Obrigada :)

Only Memories.