Das vontades.

Apetecia-me pegar em mim e viajar para um sítio incerto. Sem destino, sem horas marcadas - porque corria o sério risco de me atrasar e não quero perder nada, não desta vez -, sem data de regresso.
Desejava apenas esquecer as obrigações, o 'tem que ser'. Queria conhecer o mundo para lá destas quatro paredes em que, constantemente, tenho tendência a voltar. As quatro paredes que criei em teu redor, na esperança que assim, ficasses para sempre. E sim, contigo consegui acreditar no infinito, consegui voar para longe porque, contigo, não existiam distâncias que não podiam ser quebradas.
Gostava muito que o tempo voltasse atrás, para agarrar todas as oportunidades que por medo, ou simples preguiça, me dei ao luxo de perder.  Mas sei que não há volta atrás.
Tento deixar o passado no seu lugar mas ele parece-me sempre cor de rosa, tem sempre mais cor que o momento presente. E já me cansei de voar, de criar expectativas. As pessoas desiludem-nos. Umas a cada dia que passa, outras à medida que as vamos conseguindo decifrar. Mas não me apetecia abrir mão deste sonho. Não me quero voltar a desiludir, mas custa ver-te também tão iludido, Iludido mas feliz.
Já pensei desistir 20 vezes, durante o dia de hoje. Mas lá esboço um sorriso e digo que não é nada. Já me cansei de ser um segundo recurso, uma outra opção quando a que queres, não quer saber de ti. Só te peço que não te iludas. Não jogues o seu jogo, continua com os olhos abertos. O que é teu, vais conseguir.. Mas o que não nasceu para te pertencer, nunca ficará para sempre.
Tenho pena de pensar em ti desta forma, porque estava a gostar, seriamente, de te conhecer melhor. Cheguei a lamentar não ter-te dado uma oportunidade antes, quando partilhávamos as mesmas amizades. Hoje, neste dia em que desistir  é uma ideia que não me sai da cabeça, percebi o quanto usaste a nossa amizade. Só espero que te apercebas do poço sem fundo onde estás a enfiar-te, o mais rápido possível. Vê se, pelo menos tu, sais ileso e sem arranhões.