Devia estar a terminar o relatório que tenho para entregar na terça feira. Ou devia estar a desempacotar as roupas que trouxe desta ida a casa que me aqueceu o coração. Mas tudo isso dá muito trabalho e eu sei perfeitamente que não tenho forças quando fico sozinha. Não devia ter voltado hoje. Esta casa, sem elas, fica muito vazia e faz muitos barulhos... Nesta casa, o tempo não passa quando estou sozinha. Os risos não ecoam e não há danças parvas e conversas tontas.
Eu sei que o meu grande erro é apegar-me demasiado às pessoas.. E a prova foi ter-te visto hoje, a ti e a essa barba a que decidiste voltar. Sei que não faria sentido, voltar a falar de nós. A nossa história foi linda, podes até ter sido a minha grande história de amor. Mas tudo o que começa, tem um fim. O nosso chegou quando me provocaste mais lágrimas do que sorrisos, quando a distância começou a caber-me no coração.
Hoje disse-te olá, mas quiseste mais. Quiseste um beijinho e um abraço, porque já tinhas saudades... E conheci-te, no olhar, a raiva por te ter dito 'agora que te encontrei sim, também tive saudades'. Mas sei que sabes que não é por mal. São apenas defesas, essas de que sempre  me quiseste dotar.
Se lesses isto, iria notar-te, nas rugas da testa a frase 'mentir é feio'. Mas estamos longe outra vez e sei que a minha voz já não chega até ti.