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Sei que estão juntos agora. Neste momento, estão a olhar por nós, sentados numa nuvem fofa, essas que ainda acredito existirem e para as quais nos vamos sentar, eternamente, quando a nossa hora chega por cá, nesta vida que conhecemos.
Arrependo-me por não ter feito mais. Por não ter notado que não estavas bem, já há 20 meses. Sofro por não te ter aconselhado a procurar ajuda antes, por não te ter obrigado a ir fazer as tais análises que não trouxeram boas notícias... Talvez tenha sido por termos 'deixado andar'. Hoje sei, que aí em cima, estão a conversar e a rir, com esse sorriso que sempre vos foi característico e vos tornava tão iguais, a queixarem-se da minha mania, de miúda pequena, sempre a questionar os porquês da vida. Sabem ambos que nunca fui conformista. Sabem que quando havia uma pergunta a ser feita, seria por mim. Antecipava-me sempre, a qualquer pessoa, porque queria sempre saber mais... Quis sempre ser melhor. Mas nem essa sede de querer guardar todo o mundo dentro da minha cabeça, foi suficiente para vos ajudar... Para vos dizer, uma última vez, que gostava muito de ambos. Porque era fácil gostar dos dois, quando se gostava de um... Porque sempre foram parecidos e não havia melhor caso para empregar o velho ditado 'tal pai, tal filho'.
Dizem que crescemos quando aprendemos a aceitar que a morte é uma etapa inevitável da vida. Eu sinto que cresci quando a vi diante dos meus olhos, pela segunda vez, e consegui controlar as lágrimas... Não porque chorar seja para fracos, mas sim por não serem necessárias lágrimas quando somos todos coração. E eu sou-o... Tal como vocês.

Acredito que um dia nos voltaremos a encontrar, porque a minha nuvem fofinha não vai estar longe da vossa... Enquanto isso, até já, e olhem por nós...