Não voltes...

Finalmente. O início. O fim. Tudo acabou...
A vida retomou o seu ritmo. O coração voltou ao lugar. Hoje tudo mudou.
Amanha sei que serei livre.
No entanto, sei que desejava continuar presa. Presa a ti, nem que fosse pelo ódio.
Ódio de te amar. Ódio de te odiar. Ódio de te querer e afastar-te. Ódio de ti, em mim.
Queria uma ligação, por mais ténue que fosse.

Mas hoje, ela quebrou-se, e eu sei que não irei voltar a criá-la. A minha ligação a ti serão memórias fracas e esquecidas por ti e por mim.

Sou livre de ti. Sou livre de mim. Sou livre do meu ódio. Sou livre.
E agora? Que será feito de mim? Irei resumir a minha existência ao simples facto de sobreviver. Sobreviver e não deixar que mais ninguém me faça o que me fizeste.
Não vou perder mais tempo da minha vida, a sonhar com o impossível, a amar alguém para quem sou quase invisível, a louvar memória.
Porque apenas te limitaste a fazer exactamente o que todos os outros fizeram. Deste-me memórias...

Amei-te. Já não te amo mais. Passaste. Como tudo passou na vida. Passaste finalmente. Após muito tempo de luta e persistência, em que a tua memória cruel se interpunha no meu caminho.
Agora, jamais me irás atropelar com lembranças e com a tua presença.
Sofri, chorei, amei, mas cresci.
Ficaste para trás. Não suspeitas. Não imaginas. Não desconfias. Não sonhas. Não lembraste a causa da minha dor. O meu tempo de sofrimento. O meu passado destruído. A minha sobrevivência amargurada. A minha infelicidade constante.
Não imaginas, nem nunca irás imaginar.
Para variar, não suspeitas das consequências das tuas acções. És uma criança em ponto grande.

Amanhã... A liberdade espera-me. Tudo ficará para trás. Tu também. Não passarás de um espectador da minha partida. Aliás, nunca passaste para além disso. Amanhã serás espectador da minha partida, hoje és do meu sofrimento. Mas este, será o último reflexo de dor que te proporcionarei. Serei livre de ti e das tuas lembranças incómodas.
E não, não te perdoarei. Serás lembrado pelos piores motivos.
Serás o meu grande erro. E os erros, jamais se voltam a cometer.

(só te peço que não voltes.. faças o que fizeres, não voltes!)