Té,

" hoje achei-te um pouco em baixo. senti que tinhas aos ombros o peso do passado e da saudade que custam a passar. os olhos banhados pela tristeza de uma partida que tem sempre sido igual à chegada.

a cabeça num lugar distante, numa pessoa diferente que não tu própria.

mesmo sem ver mais do que o teu rosto, senti o teu coração pequenino e partido em muitos pedacinhos (outra vez). senti o teu desespero e o teu medo se algum dia o conseguirás consertar e manter inteiro. vi em ti o peso daquilo que fica, de alguém que resolveu partir, não lutar e que não levou consigo tudo o que lhe pertencia.

achei-te presa nas memórias que de não consegues fugir. perdida nas perguntas que não fazes, as respostas que não recebes.

foi assim que te encontrei hoje. cruzámos-nos por momentos, quando eu vinha de regresso da visita ao meu próprio passado. lágrima a correr pelo rosto, pensamentos confusos e a saudade a apertar no peito. mas é assim, quando se recorda o que não volta mais . "

Acertaste em cheio no centro do alvo minha querida. Hoje não foi um bom dia, obrigada por teres percebido e apoiado.
É essencial, quando nos falta a companhia de todas as horas, ter alguém, no meio de toda aquela confusão, que nos compreende sem ser preciso falar. No fundo, ambas sabemos o que é ter o coração pequenino e magoado, ambas conhecemos o lado mau do amor...
E acredita que a mensagem chegou na altura certa, no instante em que os olhos não conseguiam verter mais nenhuma lágrima, de tão exaustos que estavam.

Podemos não ser amigas de anos mas entendemo-nos bem uma à outra, isso é que importa. Obrigada *