Recordo-me sempre de ti antes de deitar a cabeça sobre a almofada e adormecer. Ainda te passeias pelo meu pensamento quando o sol chega, pé ante pé atravessando cada nuvem branca, e é hora de partir para mais um dia rotineiro, em que ireir vislumbrar as mesmas caras - mas não a tua.

A todas as horas me recordo dos momentos que conseguimos catalogar como nossos, das palavras que trocámos na doce loucura de uma noite de puro desejo, da ligação que nos une e que não quebra - embora enfraqueça de vez em quando.

Lembro-me das conversas mais banais aos momentos mais envolventes e apaixonantes. Gosto de recordar-te, de recordar-nos...

Ainda sinto o teu toque, quente e arrepiante. Vejo, quando os meus olhos se fecham, o teu sorriso largo e cheio, a forma como ris quando me chamas rezingona. Apesar de já não os ver há muito tempo, sinto ainda os teus olhos nos meus, a fazer-me esquecer de como se caminha. Ouço ainda a tua voz a segredar-me ao ouvido gosto de ti princesa...
Lembraste de quando te disse que nunca me esqueço de ti, ainda que por vezes tente afastar-te dizendo-te que já não és importante? Pois, a verdade é que não esqueço.

A nossa história teve mais páginas do que esperávamos. Quando julgava ter colocado o ponto final, vieste até mim mostrar-me que afinal não passava de uma vírgula chata - que tenta afastar aqueles que se amam.

Lembro-me de quando bebi demais, numa noite quente na praia, na tentativa falhada de te esquecer momentaneamente. Tal não aconteceu porque foste a única pessoa de quem me lebrava. Liguei-te a dizer disparates. Tu soltaste as tuas gargalhadas tão típicas - num tom alto que sempre te dificultou a capacidade de contar segredos - e limitaste-te a dizer eu vou gostar sempre de ti. e ainda gostarei mais se me ligares, nesse estado, a dizer estas maluquices reais minha princesinha.

Gosto de relembrar tudo isto, mas saboreio mais a sensação de me ligares à noite, para buscares serenidade e paz em mim - e eu em ti - e para me sussurares discretamente que tens saudades minhas.

Já passou um mês desde que te vi pela última vez, desde a noite em que me abraçaste com força e eu te enchi de beijos, trincando-te o lábio. Já passou um mês desde que eu tinha que ir embora por já ser tarde e tu só me pedias para eu ficar contigo.

Guarda tudo isto para ti, que eu guardo tudo isto para mim. Não temo errar novamente ou continuar a amar-te, mas temo perder-te.

Continua a fazer-me sorrir e a ligar todas as noites.