Cada vez, desacredito mais naquele que tantos classificam como o melhor do mundo. Talvez, para os afortunados que têm o doce privilégio de o encontrar quase sem busca, o amor seja mesmo esse sentimento que enche o coração de uma ponta à outra, que afaga as dores da Vida com simples gestos sentidos. Mas para mim, o amor não é nada disso.
Passei a desacreditar nele a partir do momento em que te reencontrei. Fí-lo porque sei que não podes amar duas pessoas em simultâneo, não podes amar-me a mim e a ela - a companheira de todas as horas - ao mesmo tempo. Por uma de nós sentias, realmente, amor, ainda que ache que quem ama é incapaz de entregar-se a outra pessoa. Pela outra, talvez sentisses uma forte atracção, talvez a visses como um refúgio para as horas em que os problemas abalam as relações - e o que te incomodou foi a minha recusa, foi o facto de ter-te negado o meu colo quando ela não te quisesse por perto. Já não quero que arranjes estratégias para falarmos, para nos conhecermos. Não quero que me prometas uma visita que, apesar de desejada, não pode acontecer.

Outra razão que me levou a tomar esta atitude descrente para com este sentimento foi a distância. Dizem que incendeia os amores mais fortes e apaga os mais fracos. Talvez o problema não seja da distância - pobre culpada de tantos males - e sim, das pessoas que o meu coração escolheu amar. Talvez ele não tenha sido capaz de identificar, à vista desarmada, que eles não eram os príncipes encantados de que me falavam as histórias, os contos de fadas, declamados pela minha mãe nas horas de insónia, no último beijo na testa antes de me ajeitar os cobertores.

Desconheço se são certas ou erradas as minhas escolhas até hoje. Vou continuar assim... Simples errante por caminhos desconhecidos.