Será que existe mesmo uma pessoa certa para cada um de nós? Será que essa história que nos contam vezes sem conta - principalmente quando o nosso coração sofreu tamanha desilusão que mais parece ter sido pisado por uma manada de elefantes - é mesmo verdadeira? Não passará de mais uma mentira reconfortante que, algum dia, uma pessoa se lembrou de inventar para consolar outra, do género "não fiques assim, vais ver que um dia vais encontrar a pessoa certa!" acompanhado de uma expressão facial que se situa algures entre o "ai, tenho que tentar pôr um ar credível para ver se ela acredita e pára com a choradeira" e "coitada, ainda não se mentalizou que vai ficar sozinha..."?
É verdade... Ando descrente no amor e em tudo o que possa durar mais do que um ou dois meses... Todas as minhas relações tiveram um prazo de validade muito curto, questiono-me mesmo se algumas não tinham já ultrapassado o prazo quando tudo começou.
Todos me dizem que o meu pessimismo é que anda a atrapalhar tudo, que um bocadinho mais de optimismo e confiança não me faziam mal nenhum....

Acreditar em quê? - pergunto eu. No amor que nunca vivi plenamente?! Nos finais felizes que já nem nos livros existem?! Na alma-gémea?! Na cara metade?! ...
É verdade... Ando descrente no amor porque não tenho motivos para acreditar que as coisas podem correr bem. Penso desta forma porque nunca nada correu realmente bem. Culpa deles, culpa minha, não sei.. Só sei que todos me prometeram o Mundo, me fizeram sonhar mais do que julgava possível, me fizeram acreditar - ainda que momentaneamente - que tinha encontrado a tão afamada pessoa certa e, no final, apenas me deram mais umas cicatrizes para adornar o meu coração.
O pior de tudo isto é saber que tu não vais ser excepção... Que também não vais ficar para sempre, nem coisa que se pareça. Que me vais abandonar antes de me acompanhares realmente, que não vais ter em atenção o que significas para mim - e que sempre significarás - e me farás sofrer... Vai! Não olhes para trás. . . Não vais ser o primeiro a partir-me o coração, agora já nem dói tanto, força do hábito.
Antes de partires deixa-me dizer-te que nunca me dei a ninguém como me dei a ti, que nunca uns lábios me haviam decifrado como os teus o fizeram, que o teu perfume ainda está agarrado ao meu lenço preto e de lá não sairá tão cedo. Digo-te também que compreendo se as coisas não resultarem mas tu sabes que para mim esta coisa do "estarmo juntos de vez em quando" não resulta. Tu dizes precisar de queimar os últimos cartuchos antes de assentares e eu digo-te que a minha paciência para relações ocasionais já se esgotou faz tempo.

É verdade... Ando descrente no amor e tenho medo de também já não acreditar na amizade!

O problema só pode ser meu.