9 de abril de 2010

E foi assim a nossa noite.

Ela não saiu pela janela, como lhe é hábito nestes últimos dias. Desta vez não houve qualquer receio de ser ouvida quando chegasse a casa, ou que notassem a sua falta quando eles estivessem juntos. Desta vez, os seus pais sabiam que ia dormir fora pois havia dito, antes de sair mãe, vou jantar com eles a casa do Curi, talvez até durma lá. A mãe concordou, já era hábito sempre que aqueles amigos se reuniam.
Eles jantaram e actualizaram as conversas sobre o tempo que haviam estado separados. O Curi e a Mariana contaram como, finalmente, ficaram juntos. O Gonçalo e a Mónica falaram em oficializar a união e já se fala em casório lá para os lados de Sintra. E ela falou dele…

Ela estava à espera dele. Quando recebeu uma mensagem, cujo remetente já todos sabem, ligou e disse-lhe para onde se devia dirigir. Ele seguiu as instruções e em cinco minutos, nem tanto, estavam finalmente juntos. Havia chegado mais cedo, os ponteiros ainda não marcavam a uma da madrugada.
De início, o gelo parecia não quebrar. Ele não se sentia muito à vontade naquele ambiente que lhe era desconhecido mas, assim que ela lhe pediu para cantar, o gelo partiu por inteiro. Cantou e encantou todos com a sua voz rouca, cativou pela inteligência e pela serenidade. Contou piadas e fez com que todos rissem, mesmo aqueles que ainda não estavam muito crentes das suas intenções.

Depois, passados longos minutos, decidiram subir para o quarto, deixando a azáfama que existia no andar de baixo. Ali, eram só eles. Só eles e aquele sentimento que os unia e que era, inexplicavelmente, tão forte.
Ele acabou por confessar que não estava nada à espera de uma noite assim, em que pudessem estar juntos sem qualquer receio, fora do carro que desde sempre fora o refúgio. Rematou a conversa com um tu és doida! .
Ela sorriu. Limitou-se a responder tu é que me deixas assim... Naquela noite, nada parecia em demasia, nada seria capaz de os separar.
Entregaram-se a um abraço longo, a um beijo demorado e o desejo falou por si.

Já de manhã, quando o telemóvel tocou relembrando-o de que havia um dia de trabalho por cumprir, beija-lhe o ombro docemente mas ela acaba por acordar. Acorda e relembra cada minuto da noite que passaram juntos, constatando que não foi apenas um sonho.
Acordam e ficam assim, a olhar-se demoradamente sem falarem. Naquele instante, as palavras não são necessárias, o silêncio fala por si, dizendo tudo, até aquilo que não têm coragem de proferir.

Passados alguns minutos, em que se beijam como se fosse a primeira vez, ele diz-lhe que tem de ir embora
-qualquer dia despedem-me porque chego sempre atrasado!
-então vai.. não quero que te despeçam por minha causa.
-olha, sempre era um bom motivo para ser despedido…

Sorriem ambos, com o peso da saudade já a abater-se sobre os seus corações.
Ele diz-lhe que volta, que irão existir mais noites como aquela, melhores ainda. Diz-lhe que se pudesse, parava o tempo, parava o mundo lá fora e ficava apenas os dois, abraçados, naquele quarto.
Descem as escadas, tomam um copo de leite na cozinha e beijam-se pela última vez. Ele diz-lhe um até breve, sai e fecha a porta atrás de si.
Ela volta para a cama, agora já sem o calor dele que lhe aquecia o pequeno - agora grande - coração. Aquele quarto já não faz sentido estando sozinha. Deita-se mas não dorme, limita-se a recordar cada instante daquela noite.

E foi assim a nossa noite.

3 comentários:

  1. Joaninhaaaaaaaaaaaaa, temos coisa temos (:
    olha, simples: obrigada por TUDO :´)

    ResponderEliminar
  2. Isabel:
    Eu também gostei... ;) Obrigada pelo comentário.

    té, :
    não tens nada que agradecer... podes sempre contar comigo, ok?
    quer seja às 9 da manhã, quer seja às 3 da madrugada! sempre...
    e isto está mal, muito mal! :/

    ResponderEliminar

Desde já Obrigada :)

Only Memories.