Se o 'se' não existisse, era tudo mais fácil.

Se não querias dar-nos um futuro, porque me fizeste sonhar com ele?
Se não te queres prender porque disseste querer-me para sempre?
Se achas que não podemos resultar - por causa de todas as nossas diferenças - porque me escreveste aquela canção?

Se eu mereço, como dizes, mais do que isto, porque me sabem tão bem os teus abraços? Sim, é inegável. Sabem-me bem e perdia-me neles numa porção infinita de tempo.

Hoje foi um dia mau, não fosse segunda-feira e até estranharia. Foi mau porque a ideia de te perder me atormentou a todos os instantes, porque não quero deixar-te no passado - não quero nem sou capaz. Quero levar-te comigo, custa-te assim tanto perceber?

Eu sei, que se este for mesmo o nosso fim, hei-de conseguir levantar-me outra vez. Antes pensava que não. Que quando caiamos - estas quedas aparatosas provocadas pelo amor - nunca mais recuperávamos as forças para nos voltarmos a reerguer, que ficariamos para sempre mergulhados nas saudades dolorosas de um amor que já não existe. Hoje sei que não é verdade. Estas quedas - como sempre lhes chamo - fazem parte da Vida. São elas que nos vão deixando cicatrizes vincadas na pele e são essas mesmas cicatrizes que nos relembram do que podemos sofrer - novamente - quando fechamos os olhos e nos deixamos levar pelo coração.

Lembraste da cicatriz que te mostrei, no meu joelho, que fiz quando tinha vestidas umas calças amarelas com leões, as minhas preferidas aos seis anos? Lembraste de teres dito "ui, deve ter doído"? Agora esta dói mais. E demorará a cicatrizar porque amanhã faziamos dois meses - intensos.