Curi,

desculpa não conseguir dizer-te palavras bonitas, esta manhã, que te afagassem a dor que o teu coração carrega nestes últimos dias. tu sabes, porque me conheces, que não tenho jeito com as palavras e que elas nunca saem na altura certa.
não quero nunca ouvir-te a repetir o que disseste hoje, que estavas mais sozinho do que nunca, que já não tens ninguém. os teus pais já não estão connosco e o Caló também já nos deixou, mas tens-me a mim, ao Alfredo e à Bia... tens a Mónica e a tua 'mãe'. tens tanta gente que te quer bem meu amor, não repitas que estás sozinho, porque não estás.
hoje nós ficamos até ao final. hoje, foste tu quem disse o último adeus ao teu pai. eu sei, e não me chames tola pelo que vou dizer, que o Sebastião viu e sentiu tudo, como tu, como nós... tenho a certeza de que ele, esteja onde estiver, também sentiu o coração pequenino, a bater bem devagar. tenho a certeza de que escolheu um lugar priveligiado para te conseguir ver em todo o lado.
meu Curi, estarei sempre contigo, sempre que precisares... estarei ao teu lado nesta puta de vida que teimam em dar-te - e em tirar-te.

e lembra-te que o Amor não desaparece nunca, por mais tempo que passe, por mais cedo que nos tirem aqueles que amamos...