Já passou muito tempo desde que
te beijei pela última vez, desde que os teus dedos desenharam contos de fadas
na minha pele. Não sei precisar quantos foram ao certo, mas sei dizer-te, com
todas as letras, a falta que me fizeste.
Alguns dias passaram rápido, confundi-te com rapazes de barba por fazer, julguei encontrar os teus tons graves nas vozes de outros. Enganei-me temporariamente, bem sei.
Em oposição a estes, surgiram aqueles dias que se arrastavam como caracóis preguiçosos, dias em que uma eternidade parecia pouco ao lado de um segundo. Foram esses dias que te trouxeram a mim. Voltei a sonhar-te, a recordar-te em cada palavra trocada com meros desconhecidos. Lembrei-me das noites que contigo passei e do incómodo que me causava então aquele frio polar – que de certeza não sentiria se ainda estivesses comigo.
Nos últimos meses, senti-te tão só em memórias que cheguei, por vezes, a esquecer traços da tua cara. Acho que os gastei, de tanto semicerrar os olhos para os recordar. Tive ainda vontade de pegar no telefone e ligar-te. Queria só saber como estavas, se as músicas corriam bem, se as insónias não te atormentavam, também, as noites. Contento-me por me restar ainda um pouco de amor próprio, que não me permitiu fazê-lo.
Bem, mas falando no que me leva a dizer-te tudo isto… Acho que já me desabituei de ti.
Acusa-me por ser banal e querer tornar-te apenas um vício. Na verdade, habituei-me a ti, à tua presença, à tua voz sussurrada aos meus ouvidos nas milhentas noites que compartilhámos. Gostava de sentir o teu peso sobre mim, gostava de disputar contigo um lugar próximo da Lua. Habituei-me à tua luz nos meus dias… E como todos os viciados, acabei por sentir a tua falta quando tudo acabou. Tal como eles chorei, pensei desistir por não aguentar mais, quis voltar para ti porque seria tudo mais fácil. Para que percebas, prometi a mim mesma que seria a última vez que estaríamos juntos… E perdi a conta ao número de promessas.
Alguns dias passaram rápido, confundi-te com rapazes de barba por fazer, julguei encontrar os teus tons graves nas vozes de outros. Enganei-me temporariamente, bem sei.
Em oposição a estes, surgiram aqueles dias que se arrastavam como caracóis preguiçosos, dias em que uma eternidade parecia pouco ao lado de um segundo. Foram esses dias que te trouxeram a mim. Voltei a sonhar-te, a recordar-te em cada palavra trocada com meros desconhecidos. Lembrei-me das noites que contigo passei e do incómodo que me causava então aquele frio polar – que de certeza não sentiria se ainda estivesses comigo.
Nos últimos meses, senti-te tão só em memórias que cheguei, por vezes, a esquecer traços da tua cara. Acho que os gastei, de tanto semicerrar os olhos para os recordar. Tive ainda vontade de pegar no telefone e ligar-te. Queria só saber como estavas, se as músicas corriam bem, se as insónias não te atormentavam, também, as noites. Contento-me por me restar ainda um pouco de amor próprio, que não me permitiu fazê-lo.
Bem, mas falando no que me leva a dizer-te tudo isto… Acho que já me desabituei de ti.
Acusa-me por ser banal e querer tornar-te apenas um vício. Na verdade, habituei-me a ti, à tua presença, à tua voz sussurrada aos meus ouvidos nas milhentas noites que compartilhámos. Gostava de sentir o teu peso sobre mim, gostava de disputar contigo um lugar próximo da Lua. Habituei-me à tua luz nos meus dias… E como todos os viciados, acabei por sentir a tua falta quando tudo acabou. Tal como eles chorei, pensei desistir por não aguentar mais, quis voltar para ti porque seria tudo mais fácil. Para que percebas, prometi a mim mesma que seria a última vez que estaríamos juntos… E perdi a conta ao número de promessas.
Parece que já passou tempo
suficiente. Do amor ao hábito é um pequeno passo e pude comprová-lo no que à
paixão diz respeito. Paixão, sim. Podes tirar esse sorriso irónico da cara
porque sei que foi apenas paixão, pura e dura. O amor tem que ser mais do que
noites em que dois corpos nus se deitam, despindo-se de valores e de
princípios. E é por termos sido pouco mais do que corpos nus, e por achar que o
amor é muito mais, que afirmo que nunca te amei. Não se pode amar um vício. . .
Agora poderás vir sempre que quiseres. Desabituei-me de ti e revolve-me o estômago a simples ideia de beijar esses teus lábios, que em tempos já foram o meu mundo. Acho que te criei aversão. Podes chamar-lhe muros, barreiras, o que quiseres. Eu prefiro evitar esses nomes porque será ainda dar-te muita importância. Quero que coexistas comigo, sem barreiras e sem nada, porque será sinal que o meu vício de ti já passou… E não haverá volta a dar.
Agora poderás vir sempre que quiseres. Desabituei-me de ti e revolve-me o estômago a simples ideia de beijar esses teus lábios, que em tempos já foram o meu mundo. Acho que te criei aversão. Podes chamar-lhe muros, barreiras, o que quiseres. Eu prefiro evitar esses nomes porque será ainda dar-te muita importância. Quero que coexistas comigo, sem barreiras e sem nada, porque será sinal que o meu vício de ti já passou… E não haverá volta a dar.
que texto lindíssimo. Infelizmente quando se sente, no presente, é sempre demasiado difícil distinguir amor e vício. Mas amor sem vício, será amor?
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