Lembro como se fosse hoje a noite em que um senhor, com idade para ser meu avô, nos aparece de repente e, sem pedir autorização, se torna numa sombra ofensiva... Como é costume dizer-se, chamou-nos tudo menos Mãe.
Segundo ele, nós não devíamos tratar os nossos colegas de primeiro ano por 'bichos' pois, tal como nós, eram seres humanos e tinham direitos. Que ninguém devia ser obrigado a nada que fosse contra os seus ideais, nem deveríamos atentar contra a sua liberdade. Que os verdadeiros 'bichos' éramos nós porque éramos burros e tínhamos uma sede desmedida de atenção e abusávamos facilmente de uma autoridade ilusória, que só os nossos poucos neurónios nos permitiam acreditar existir.
Pois bem que tentámos explicar ao tal senhor que ninguém estava ali obrigado, até chegámos a propor aos nossos 'bichos' que, quem não quisesse estar ali, se levantasse e fosse embora... O que é certo é que nenhum se levantou e, ao contrário do que poderíamos esperar, todos começaram a gritar que estavam ali porque queriam... Houve até quem chegasse a dizer que foi graças à praxe que continuava por Évora, que não tinha desistido. Que tinham encontrando uma segunda família, que graças à praxe, tudo se tornou mais fácil.
Nesse momento, senti um orgulho desmedido. A pele arrepiou-se como a de uma galinha. Senti o coração apertadinho tamanha a vontade de lhes dar abraços gigantes....
Sim, fui praxada, praxei e adorei....
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