tenho 22 anos. as minhas irmãs, que são mais velhas do que eu, riem-se quando digo que estou a ficar velha. sei que tenho ainda muita vida pela frente, mas as vontades são agora muito diferentes.
vejo amigas minhas com relações sérias. algumas já estão noivas. outras até já são mães. muitas delas já estão a viver sozinhas com os namorados/noivos.... e eu continuo a ter a mesma vida há três anos e meio: divido casa com amigas, vou tendo os meus amores, os meus casos mais ou menos duradouros. na realidade, tenho medo, muito medo. receio entregar-me e assumir relações. nada é certo e não gosto de investir em incertezas. e depois vejo amigos a mudarem quando arranjam namorados, e a viverem exclusivamente para eles (por mais que digam o contrário) e eu não quero ser assim. eu não quero mudar e deixar de fazer o que agora faço. eu sou um bocadinho solitária. gosto de estar horas numa esplanada, com um bom livro, uma chávena de café e cigarros. gosto de me perder sozinha e de ser eu, quase-ninguém no meio da multidão, mas ainda assim, Eu.
apesar de gostar de ser sozinha, dou por mim a pensar o quão importante era que agora, neste momento, alguém me tirasse o chão e me livrasse de todas as certezas. alguém que se sentasse nessa mesa de café - no canto, sempre no canto - e me perguntasse porque não ia lá para fora viver, em vez de ficar ali, a ler as vidas de outros.
a verdade é que me está a custar envelhecer.. está a custar-me ver toda a gente a mudar, a viver novas aventuras, com novas pessoas... e eu continuar aqui, sentada naquela mesa de café a conversar com a senhora de cabelo branco que partilha comigo o gosto de beber pelas garrafas. e às vezes tenho vontade de mudar, de ajeitar o cabelo, passar um rímel e um blush, e ir sair - como fiz tantas e tantas noites. mas depois, quando chega a hora, só me apetece parar na tasquinha mais barata e ficar lá, até de madrugada, a ter conversas parvas, a rir às gargalhadas, ou a chorar quando os assuntos nos levam a fazê-lo. acho que passei a preferir a qualidade em detrimento da quantidade. já não me importa apanhar bebedeiras todas as quintas, ou todos os fins de semana. agora até os domingos são boas noites para beber grades inteiras de minis, só porque sim, só porque a companhia nos faz bater, comodamente, o coração... e isso sim, é bom!
sabes o que te digo? com 22 anos a vida não é para estar decidida. é para estar tudo menos decidida. é para aproveitar oportunidades, e experimentar coisas, e ter a certeza de que não nos arrependemos mais tarde do que não fizemos! e portanto o que os outros fazem com a vida deles não é da nossa conta. também sou um pouco assim, introspectiva e feliz em esplanadas sozinha. mas estar só dá-nos liberdade para ser outras coisas, fazer outras coisas! não sei, gosto de ver isto pelo lado positivo! :D
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