24 de agosto de 2014

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Voavam andorinhas sobre as nossas cabeças. Haviam desenhos, por elas pintados, naquele céu laranja e rosa, de final de tarde. Deste-me as mãos. Sim, as mãos. Pensaste que só uma seria pouco, que não me faria ficar. Relembrei-te que sou como as andorinhas que nos sobrevoavam. Solta e livre, desde que me lembro. Livre para viver a vida a cada rasgar de vento, a cada raio de sol. E se agora chovesse.. Oh, se chovesse verias o quanto gosto de dançar por entre as gotas. Só não gosto que me prendam, tenho medo. Já me deram mãos antes, mas existiram sempre forças maiores que as apartaram. E não gosto nada do poder desses verbos transitivos, que por força e de coração ferido, tive de aprender a conjugar. Receio o dia em que acorde e não te encontre ao meu lado. Perdoa-me por isso este hábito de fazer da minha cama um território sagrado.

Sorriste, com aquele sorriso que me faz criar raízes e disseste: 
E então, achas que não sou capaz de voar?

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Only Memories.