Meu amor,
Vem-me instantaneamente um sorriso aos lábios. É irónico dirigir-me a ti
assim, visto que já não és meu. És só um amor que guardo dentro do lado
esquerdo do meu peito e sempre irei guardar. Ficarás cá para sempre, como uma
cicatriz, a lembrança de tudo o que vivi e aprendi contigo. Lições que irei
usar um dia mais tarde. Cansei-me de erros, e lamento tê-los cometido enquanto
te amei. Ainda hoje não entendo o porquê das minhas acções, aquela não era eu.
Era uma Joana louca, que tinha deixado a cabeça numa esquina qualquer. Assim
andou perdida algum tempo, até que a encontrei, mas já fui tarde. O estrago
estava feito, não havia volta a dar.
A confiança é como um castelo de areia. É preciso muito esforço e dedicação
mas é frágil, basta uma onda para começar a desmoronar-se e eu fui um tsunami
que embateu na confiança que tinhas em mim. Caiu por terra, cada grão estava
agora espalhado pelo areal, confundindo-se com tantos outros grãos, de outras
confianças perdidas de outras pessoas desiludidas. Sim desilusão foi o que
restou. O tempo passa, e grão a grão o castelo vai-se erguendo de novo mas o
passado esse não se apaga. As coisas não voltarão ao que eram e por isso
escrevo esta carta.
Estou a dizer-te adeus amor. E ao dizer-te adeus, estou a dizer-te muitas
outras coisas. Estou a dizer-te que vou deixar de pensar nos erros, mas sim nas
lições tiradas. Estou a dizer-te que vou deixar de pensar nas horas todas que
nos esquecemos de viver, mas sim lembrar-me das que vivemos. Tudo valeu a pena.
Claro que se soubesse o que sei hoje, teria feito as coisas de outra maneira.
Faria com que sentisses um enorme orgulho sempre que olhasses para mim.
Teria-te mostrado o melhor de mim, mas precisava de ti ao meu lado. Gostava da
pessoa que era quando dizias que me amavas. Sentia-me feliz. Burra como sou,
deixei que as minhas inseguranças tomassem conta de mim
e destruíssem o que estávamos a construir. Despeço-me dizendo que
ainda gosto muito de ti. És lindo, tanto por dentro como por fora. Tens uma
personalidade complicada, é certo, eu também a tenho. Que dois. Já te disse uma
vez e volto a dizer, não mudes quem és por ninguém. Um dia alguém te fará feliz,
sendo como és.
Agora vou iniciar um processo de eliminação de memórias menos felizes, pois
esta angústia com que vivo não me faz nada bem à saúde. Vou arrumar a casa que
um dia foi inundada de amor nosso.
Adeus
porque o meu amor por ti morre mais um
bocadinho, a cada dia que passa. e custa tanto vê-lo morrer assim. tinha
esperança que um dia pudesse voltar a dar-lhe uso, mas qual esperança? essa há
muito que morreu também.
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