Hoje, enquanto esperava por ti no nosso café, comecei a reparar em quem lá estava. Na mesa ao meu lado havia um casal, na casa dos cinquenta, que não falavam um com o outro. O homem, com um ar um tanto ou quanto esquisito, olhava pra todos os rabos de saia que conseguia ver pela janela e assediava, a torto e a direito, as empregadas do café, sempre sob o olhar conformado e paciente da esposa. Reparei também que só ela usava aliança, como se quisesse, à força, manter uma união que estava, visivelmente, acabada. Só dei conta de falarem duas vezes: uma para ele lhe pedir dinheiro para o tabaco, esse vício que alimenta há tempo suficiente para lhe amarelar o bigode; e, uma última vez, quando lhe disse ‘aqui já está tudo visto, vamos embora!’, palavras às quais ela acedeu de imediato, sem levantar os olhos da chávena de café escaldado que arrefecia sobre a mesa. Questionei-me sobre qual estaria mais frio, se a chávena, se o seu coração…
Ainda dei conta de dois senhores, de idade mais avançada, que falavam sobre os hobbies que lhes ocupavam o excessivo tempo livre… Um partilhou que estava preocupado para saber se o seu carro, um peugeot de 1978, passaria ou não na inspecção. Sabia que precisava de uns pneus novos, mas este mês tinha gasto mais nos medicamentos da mulher e não tinha como os trocar. Mais uma vez, o meu pensamento remeteu-se, em piloto automático, para o estado deplorável do país. Idosos com reformas que não lhes permite mais do que o básico e essencial e verdadeiros charlatões que, à conta de cunhas, vêem os bolsos cheios com dinheiro que não merecem e a que não sabem dar valor.
Haviam também duas raparigas, uma loira e outra morena, que sofriam de amor. Uma tinha a dor de um desgosto a correr-lhe pela cara, em lágrimas transparentes e em dedos trémulos que nem lhe permitiam fumar. A sua amiga tentava, com frases feitas que em nada amenizam as dores de um coração desfeito, dizer-lhe que era melhor assim, que ele não a merecia… Mais uma vez, lamentei a cobardia dos homens, a dificuldade quem têm em expressar sentimentos. Apeteceu-me ir perto dela e dizer-lhe que ele, com certeza, não lhe merecia as lágrimas, Apeteceu-me contar-lhe a minha história, como consegui colar um coração desfeito em bocadinhos. Quis dizer-lhe que a pessoa certa iria aparecer… Mas entretanto chegaste, levaste-me para o nosso mundo num piscar de olhos, fizeste-me esquecer o passado de que queria falar-lhe… E soube tão bem!
Alimentas-me quimeras, fazes-me sonhar, fazes-me sorrir e rir até não poder mais. Implicas com a forma como te faço fazeres-me todas as vontades, todos os gostos. Eu respondo-te, somente, que só o faço para te ver a resmungar porque amo a forma como reviras os olhos e me dizes, com esse tom de voz que ninguém consegue imitar ‘que chata amor’…
Não sei até quando vai durar, se vai durar sequer, mas sei que quero aproveitar cada momento contigo, cada momento ao teu lado; quero aproveitar o calor de cada abraço, de cada suspiro, de cada sorriso. . .
Este texto foi escrito há quase um mês atrás, dia 22 para ser precisa. Lembro-me perfeitamente que saí mais cedo de casa, indo até ao café, porque precisava de apanhar ar, de espairecer.. E quando chegaste: puff. Esqueci tudo o resto.
Continuo a querer-te. Tanto ou (muito, muito) mais como neste dia...
E que bonito texto *.*
ResponderEliminarÉ bem verdade :$
ResponderEliminarTão bom joaninha, tão bommmm.... :)
ResponderEliminaroh :3 este texto é uma mistura de Invisible Woman e de One More *.* está muito bonito.
ResponderEliminarpois é, tens razão. não é que eu não tenha tempo para escrever, eu não tempo para me lembrar de escrever =x não tenho tempo de tomar atenção aos pequenos pormenores que despoletam em mim a inspiração necessária para escrever. Ainda ontem quando ia tomar banho me lembrei de uma bola de sabão linda para escrever! Mas depois esqueci-me! É horrível.
Eu creio que te adicionei no msn, ou entao enganei-me a inserir ao mail o.o mas está tudo bem por aqui na faculdade, e agora ainda vai ser mais trabalhinho, que os exames estão a aproximar. Mas estou a adorar a cidade, as pessoas e tudo! Muita coisa nova ao mesmo tempo, só isso.
Beijinhoos. E dorme. Com sono o rendimento é muito baixo. Vale mais dormir.